Foz Linhas Aéreas

Se é verdade que a aviação comercial exerce grande influência sobre o incremento da atividade do turismo, não é menos verdade que o encarecimento das passagens aéreas inibe o desenvolvimento desta importante atividade que é a maior geradora de empregos no mundo (11% do total, COOPER, Chris).

Nossa querida Foz do Iguaçu, quinto principal destino do país para turistas estrangeiros, conforme o estudo de demanda turística de 2002 produzido pela Embratel, e única cidade a ter a um só tempo duas entre as maiores maravilhas do mundo, a da natureza – Cataratas do Iguaçu, e a do homem – Usina de Itaipu, não pode continuar refém dos preços proibitivos das passagens aéreas praticadas pelo mercado.

Quem vai de avião à Foz partindo de São Paulo, maior pólo emissor de turistas do país, é obrigado a desembolsar estonteantes R$ 1.159,00 (ida e volta pela Varig). Por menos deste valor é possível comprar um pacote de sete dias para o nordeste, incluindo a própria passagem aérea e estadia em hotel.

Para contornar este antigo obstáculo ao incremento do turismo em Foz, não vemos alternativa senão a da criação de uma empresa aérea própria da cidade, possibilitando a oferta de passagens a preços acessíveis, uma vez que não se pode esperar muito do novo pacote do governo para a aviação civil (ainda em gestação) e muito menos das atuais companhias aéreas.
Como isso pode ser feito?

1) Formação da companhia.

Tendo em vista que o benefício da companhia será tanto para a iniciativa privada como para a prefeitura, a empresa deve ser constituída por meio de capital misto, com metade dos recursos provenientes da própria prefeitura e a outra metade da iniciativa privada, através de um pool formado por hotéis, locadoras, restaurantes, etc. Seu objetivo não deverá ser o lucro, mas sim, o transporte de turistas para a cidade. O lucro virá com o aumento da riqueza gerada pela vinda de mais turistas. O regime da empresa perante o DAC deverá ser o de linha aérea não regular, visando sua operação na modalidade de vôos charter.

2) Aeronave.

Uma aeronave a jato de até 110 lugares com leasing na faixa dos US$ 70 mil é o ideal, visando a melhor taxa de ocupação e o menor custo de operação. Tomemos o Fokker-100 como exemplo, um bom avião que se encaixa perfeitamente nestes pré-requisitos. O avião pode transportar 108 passageiros. Operando quatro trechos por dia com uma taxa de ocupação de 80%, transportar-se-ia 20.736 (108 x 80% x 8(ida e volta) x 30) passageiros por mês. Pelas nossas estimativas, com esses números o preço da passagem pode ficar em até 50% mais em conta do que o praticado pelo mercado, o que seria um grande atrativo para quem pensa em ir à Foz. O preço da passagem para o trecho São Paulo – Foz – São Paulo cairia para aceitáveis R$ 580,00! Uma diferença considerável.

3) Cidades atendidas.

Partindo de Foz, em até duas horas de vôo, pode-se atender aos seguintes grandes centros urbanos no Brasil: Maringá, Londrina, Curitiba, Campinas, São Paulo, Santos, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Joinville, Florianópolis, Caixas do Sul e Porto Alegre. Já no exterior pode-se atender Assunção, Montevidéu e Buenos-Aires. Somando as populações destas 16 cidades chega-se a um expressivo universo de 39 milhões de habitantes, o mesmo que a população da Espanha.

4) Freqüências.

Nossa idéia é alternar 4 destinos diferentes por dia ao longo de quatro dias. Ao término do quarto dia, o avião retornaria para o mesmo destino de quatro dias atrás, levando de volta os turistas daquela origem e – ato contínuo, trazendo novos turistas. Cria-se assim, um ciclo de operações ininterruptas, maximizando a ocupação da aeronave.

5) Benefícios.

Três grandes benefícios advirão com a criação da Foz Linhas Aéreas.

Primeiro, a exposição gratuita da cidade na mídia nacional e internacional com a criação da primeira linha aérea do mundo de propriedade de um município.

Segundo, pela divulgação das atrações da cidade em forma de pintura na fuselagem do avião, podendo-se aplicar a fotografia das Cataratas de um lado e a da Usina de Itaipu do outro. Pode-se ainda divulgar um número de telefone para informações.

Terceiro e mais importante: captar 10.368 novos turistas (80% de taxa de ocupação do avião em quatro vôos diários x 30) por mês para a cidade. Supondo que eles permaneçam quatro dias na cidade, o aumento da renda do município será de US$ 4,147 milhões (10.368 x 4 x US$100) por mês. Valor nada desprezível que se reverterá no incremento do comércio local, no aumento da arrecadação de impostos, na melhoria da qualidade de vida para os próprios moradores da cidade e na estrutura para a atividade do turismo.

Se isso é um mero devaneio de uma noite de inverno, não sabemos. O fato é que precisamos encontrar alternativas caseiras para incrementar o turismo de um dos principais destinos do país, que encanta à todos pela exuberância de suas Cataratas, pelo gigantismo da Itaipu, pela diversificada gastronomia, pelos excelentes hotéis e pelo clima quente na maior parte do ano. Some-se a isto uma linha aérea própria e Foz terá que, muito brevemente, construir novos hotéis.

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