Currículo: não morra na praia

A estética, além de tornar um currículo mais atraente, é um grande diferencial para se avaliar peculiaridades de um candidato que não podem ser percebidas pelo conteúdo do currículo. Em resposta a um pequeno anúncio publicado nos classificados de emprego desta Gazeta contratando estagiários de publicidade & propaganda, recebi exatos 70 currículos de alunos de diversas faculdades. Confesso que fiquei desapontado. Em se tratando de estudantes de uma disciplina que deveria prezar pela estética, o que vi está longe disso.

Comecemos pela “embalagem” do currículo.

27% dos candidatos morreram na praia! Independente de seu conteúdo, demonstraram descaso com sua reservada história de vida profissional ao entregar seus currículos sem um simples envelope que não custa mais do que dez centavos! Isso é muito mau, pois a leitura que fazemos disso é que se o candidato não teve o cuidado de comprar um envelope para colocar seus dados pessoais e confidenciais, é porque não deve ser muito esmerado. Desta forma, 19 candidatos foram sumariamente eliminados de uma vaga pelo simples fato de não terem demonstrado zelo com sua imagem pessoal. Dos currículos restantes, 17 vieram em envelopes pequenos e médios, que dificulta um pouco o manuseio (alguns currículos estavam colados nos envelopes) e 34 estavam no envelope mais adequado, que é o grande. Todavia, há que se considerar que 8 deles não tinham o remetente, outra amostra de falta de atenção. E escassos 10% dos interessados pelas vagas tiveram o cuidado de datilografar ou imprimir uma etiqueta com os endereços do destinatário e remetente. Ponto para eles!

Passemos agora aos pecados mais comuns nos currículos de vários candidatos.

  • Número de páginas. Para um estagiário, que ainda não tem uma vasta história de vida profissional, uma página é aceitável. Duas são o ideal. Alguns traziam uma folha de rosto, totalmente desnecessária.
  • Estética. Um bom currículo deve ser atraente, objetivo e conciso. As expressões “Curriculum-vitae” no topo e “Dados pessoais” são redundantes. Vá direto às informações. A tipologia deve ser de fácil leitura (Arial, Tahoma, Verdana) com fontes entre 11 a 14.
  • Dados pessoais. Apenas os essenciais. Nada de número de documentos pessoais e filiação. O currículo não é um documento para conseguir crédito no banco.
  • Objetivo. Poucos traziam o objetivo logo abaixo dos dados pessoais. Muitos ainda colocam um texto neste item. Escreva apenas uma breve frase neste campo.
  • Fotografia. Alguns traziam sua foto. Também não é aconselhável, a não ser que seja solicitado. Um dos candidatos teve o descuidado de enviar sua foto trajando uma singela camiseta regata!
  • Impressão. Fuja das fotocópias. A grande maioria dos currículos recebidos eram fotocópias. Algumas eram de baixíssima qualidade, passando uma má impressão do candidato. O ideal é imprimir em impressora a laser.
  • Qualificação. Há o caso de candidatos demasiadamente qualificados para uma vaga de estagiário. Gente com pós-graduação, gente já empregada, gente que já foi empresário, etc. Sendo as vagas destinadas a estagiários, o que se espera é uma pessoa que esteja no início de sua carreira, querendo uma oportunidade de aprender. Quando se envia um currículo muito qualificado para uma determinada vaga, cria-se uma frustração muito grande no candidato, pois ele acaba questionando o valor de sua formação e experiência profissional.
  • Pretensão salarial. Não deve ser colocado, a menos que tenha sido solicitado. Além do mais, estagiário não recebe salário, mas sim, um auxílio-bolsa.
  • Referências pessoais. Totalmente desnecessário.

Por favor, futuro profissional, não morra na praia. Capriche no seu currículo. Faça de conta que ele é uma peça publicitária para seu cliente mais importante, você!

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